Paulinha na revista Billboard

No último 25 de dezembro, ela encantou o Rei e uma multidão de plebeus em todo o Brasil. Conheça Paula Fernandes, a cantora mineira de 27 anos que tirou a calça jeans do modelito sertanejo.
"As luzes da cidade acesa / Clareando a foto sobre a mesa / E eu comigo aqui trancado nesse apartamento". Paula canta os versos com segurança, mesmo sem fazer ideia do que é estar trancada em um apartamento. As luzes da cidade também não são familiares. Em uma casa pequena no meio do mato, às margens da Serra do Cipó, em Minas Gerais, canta pela primeira vez a menina. Magra, cabelos castanhos e anelados, tem nos pés sandálias feitas pelo pai com borracha de pneu de caminhão. Ela repete a música que tocava sem parar no único radinho de pilha da casa, "desses fodidinhos", entre 1990 e 1991: "Desculpe, Mas Eu Vou Chorar", de Leandro e Leonardo. A mãe fica surpresa ao ver a garota de oito anos revelar, sem ninguém pedir ou ensinar, uma voz bem afinada. 

Paula Fernandes dormia com o barulho das cachoeiras próximas e brincava no meio dos seus bichos e árvores preferidas. Eles eram seus amigos e o seu sustento: os pais vendiam os produtos da roça em uma pequena mercearia. Aos dez anos, ela foi para a cidade mais próxima, Sete Lagoas, polo industrial a 70 km de Belo Horizonte, para estudar. Mas todos os fins de semana ela voltava à pequena casa no mato. “Eu conheci o mais profundo sertão. Era tudo extremamente humilde”, lembra a cantora. 

Vinte anos depois, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas veem pela primeira vez Paula Fernandes cantar ao vivo, assim como sua mãe há duas décadas. "Muita gente acha que eu nasci no dia 25 de dezembro de 2010", brinca Paula. Ela sabe que foi longo o caminho que percorreu das rodas de viola nas festinhas de colégio em Sete Lagoas, Minas Gerais, até ser uma das convidadas do programa especial de fim de ano de Roberto Carlos em Copacabana, com 500 mil pessoas presentes e outras milhões assistindo pela TV. 

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